quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

A minha Cinderela.

Peço desculpa a quem já conhece.
Mas não resisto, porque é para mim um dos melhores (dos poucos) poemas que escrevi até hoje,

Aí Palmela!
Estou a verte da janela.
Triste.
Nua.
Como menina de rua.
Pobre.
Que um dia já foi nobre.
Vejo nas tuas nascentes lágrimas.
Que choram pelo Pai que perdeu.
Que sempre tudo lhe deu.
Vejo tuas vielas como rugas.
Nuas, cruas, sem vida.
Quando venho sobre o Tejo.
E mal ao longe te vejo.
Apetece-me dar-te um beijo.
Dizer que te vou pintar.
Cobrir teu corpo com o mais belo vestido.
És como uma adolescente que o padrasto não deixa ir ao baile.
Quero tirar-te esse xaile.
Pintar-te, pôr-te bela.
P´ra quando vier à janela.
Verte sorrir lá do alto.
Como minha Cinderela.


António Marrafa

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